sexta-feira, 7 de agosto de 2009


SEMANA DO MEIO AMBIENTE

MATÉRIA PUBLICADA NO JORNAL O DIÁRIO 27/07/09

Maringá desperdiça jogando fora o seu lixo


Cidade está entre as que mais enviam lixo para o aterro, sem dar chance de reciclagem. Cada maringaense produz em média 920 gramas de lixo por dia


Entre as maiores cidades do interior do Paraná, Maringá proporcionalmente é a que mais manda lixo para o aterro sanitário. A média de lixo que é enterrada só perde para a capital.

Enquanto em Maringá é destinada para o aterro, diariamente, uma média de 920 gramas de lixo por habitante, a média em Londrina é de 600 gramas.

Em Foz do Iguaçu são 620 gramas. A relação mais próxima à de Maringá é a da Cascavel, com 900 gramas de lixo por morador. A maior média do Estado é de Curitiba, com 1 quilo por habitante.

A resposta para tanto lixo ir para o aterro está na falta de separação adequada dos recicláveis. Segundo um estudo da Universidade Estadual de Maringá, encomendado pela prefeitura, 35% do lixo que Maringá produz poderia ser reciclado.

Essa porcentagem significa que das 300 toneladas que a cidade envia todos os dias para o aterro, 105 toneladas poderiam virar dinheiro. Os restantes 65% são resíduos orgânicos, que podem ser tratados.

Em Londrina o volume de lixo que vai parar no aterro é o mesmo que Maringá. Ampla diferença se comparado o número de moradores das cidades. Londrina possui 497.833 habitantes, contra 325.968 em Maringá. A receita londrinense está na reciclagem.

De acordo com a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) de Londrina, são recolhidos, em média, 120 toneladas de lixo reciclável por dia. A reciclagem em Londrina deu sobrevida ao aterro, que, de acordo com a CMTU, só tem capacidade para mais dois anos de uso.

Maringá recicla uma média de 6 toneladas de lixo por dia. Esse número é resultado da contagem dos meios de coleta ‘oficiais’, da própria prefeitura e de cooperativas de catadores conveniadas com o município.

Estima-se que os catadores de lixo autônomos, que circulam pela cidade com carrinhos de mão, reciclem mais que os dados oficiais. Os homens e mulheres que reviram os contêineres de lixo, sem qualquer vínculo com cooperativas, chegam a retirar uma média de 7 toneladas diárias de lixo, estima a prefeitura.

Solução



Em Cascavel, apesar da média de lixo que vai parar no aterro ser próxima à de Maringá — diferença de 20 gramas por habitante —, os dejetos começaram a dar lucro.

O aterro de Cascavel instalou no ano passado uma usina para a geração de energia elétrica com gás metano que sai do lixo. A energia gerada é suficiente para as atividades do próprio aterro, garante o secretário do Meio Ambiente, Luiz Carlos Marcon.

Economia de R$ 3 mil mensais na conta de luz.
“O próximo passo é vendermos os créditos da energia que sobra para a Copel”, adianta Marcon. Ele prevê que a geração de energia do aterro tenha potencial para garantir R$ 800 mil por ano à prefeitura, em venda de créditos à Copel. “Não tem mistério em fazer um aterro. Não sei porque Maringá está com problemas com isso”, diz Marcon.

O secretário do Meio Ambiente de Maringá, Diniz Afonso, diz que os investimentos em reciclagem estão em um segundo plano. A prioridade é garantir um local para colocar o lixo. O tempo está se esgotando.

A prefeitura tem até outubro para garantir um local, dentro das exigências ambientais, para despejar o lixo. Esse prazo é o mesmo para que seja providenciado o início do tratamento de toda a área em que está o atual aterro, na zona sul.

A solução que a prefeitura pretende dar para o lixo deve começar amanhã, com a publicação de um edital de licitação, na modalidade de pregão eletrônico, para os interessados em receber o lixo da cidade por seis meses.

Ganha a empresa que der o menor preço — Maringá não tem nenhum aterro particular, portanto o lixo ficará em outra cidade. Até outubro também haverá licitação para a contratação da empresa que vai se encarregar de tratar todo o lixo existente no atual aterro.

“Primeiro temos que instalar um tratamento definitivo para o nosso lixo. A partir daí é que vamos intensificar as campanhas de reciclagem. Se fizermos isso agora não temos uma estrutura suficiente para receber tudo o que for recolhido”, afirma Diniz Afonso.



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